“Sempre me pareceu que tudo o que existe à minha volta tem vários níveis de entendimento. Há momentos grandes disfarçados de pequenos, gente pequena mascarada de grande. Confunde-se timidez com antipatia, rotina por vulgaridade, o afecto por interesse, a alegria como uma tolice.
É um mundo misterioso este. A maior parte do tempo corresse atrás de coisas sem importância e procurasse preencher o vazio que há em todos nós com as mais variadas inutilidades. Passamos ao lado dos pormenores mais insignificantes… os vidros embaciados, as mãos enrugadas pela água quente, um murmúrio nocturno das grandes cidades. Ligamos a televisão e viramos canais à procura de qualquer coisa.
No entanto, aquilo que nos acalma e eleva está mesmo aqui à nossa volta. Invisível e inclassificável, habita por baixo da camada de ruído permanente que nos envolve. E atrás de todo esse som há uma luz, atrás desse muro há uma festa.”