
Senta-te aqui para te mostrar uma coisa. Toca-me os lábios, pára-me as palavras. Sim, cala-me os sentidos que não podes saber. Não podes ver. Nem escutar. Faz isso por mim, pelos os dois. Faz alguma coisa, eu não sei fazer e tu sempre soubeste. Sentes a dificuldade que tenho em chorar? Não sei como fiz, como fiquei assim. Simplesmente não quero saber o que aconteceu comigo. Sente-me perto, vê-me de longe. Não me deixes dizer-te o que mais queres ouvir. Não me deixes dar-te todas as minhas palavras. Não quero ficar sem nada, inacabada. Anda, olha-me para dentro. Vês o tempo perdido? Eu não. Agora vai. Deixa-me aqui sentada a ver o teu passo ao longe. O teu vulto a fugir no horizonte. E depois volto para casa. Não está ninguém à minha espera.