O sabor dos teus beijos. Uma boa conversa. Fluir. Abandonar-me na minha galáxia paralela. Perder-me entre a multidão de uma grande cidade. Sentir o frio da montanha. Respirar fundo. A pureza da amizade verdadeira. Falhar, errar e saber corrigir. Tocar-te. Conseguir desfrutar o presente de forma prolongada. Saber perdoar. Um banho em alto mar. Sentir-me minúscula na imensidão. Fazer-me gigante nas tuas carícias. Dormir no deserto. Canalizar o medo. A luz e a escuridão. Viajar sem ter dia de regresso. Voltar a casa e...?

Estou sentada na beira da vida à espera do comboio. Tenho a certeza de que virá um comboio, uma carruagem marcada com um sinal qualquer e eu saberei que é para mim. Estou sentada à beira da vida e não vejo o comboio e espero por ele. Há tanta gente a passar, gente com pressa, gente feliz, gente com lágrimas.
Estou senta à beira da vida e não e um mau lugar para se estar. Os outros, aqueles que sabem para onde vão, os que não têm perguntas, e os que não sabem sequer que tal existe, todos eles enchem os dias e as horas escorrem e escorrem enquanto eu espero a minha vez. Estou sentada à beira da vida e aqui refugiada posso olhar sem que ninguém me veja. Por isso mesmo mergulho nos olhos opacos da multidão e sei as histórias todas que os vestem como uma segunda pele. Há muito barulho. Vindo de todos os lados. Um ruído permanente que envolve tudo e os passos apressados batem nas calçadas, no alcatrão, nas madeiras das salas das casas como cascos de cavalos.
Aqui sentada à beira da vida à espera, atenta aos pormenores, dou comigo a viver a vida dos outros, a sentir-lhes as dores como minhas e os risos, poucos. Estou sentada à beira da vida à espera do comboio com a carruagem marcada. Cada um tenta resolver os mistérios à sua maneira. Por mim, estou segura de que quando entrar no comboio, na carruagem marcada, tudo o que foi a minha vida vai ter uma explicação.
Até lá, embrulho as minhas perguntas na saia rodada, aconchego-me melhor na beira da vida que é inclinada e a espaços tento descortinar lá longe os carris.
Até hoje não vi a carruagem com o sinal mágico mas continuo aqui.



“She fell, she hurt, she felt. She lived. And for all the tumble of her experiences, she still had hope. Maybe this next time would do the trick. Or maybe not. But unless you stepped into the game, you would never know.”



Just because you accept help from someone, doesn't mean you have failed. It just means you're not in it alone.



INCRÍVEL *